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quarta-feira, 31 de julho de 2013

A UTILIZAÇÃO DO LÚDICO COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA PARA A ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO. Autora: Lenice Ramos Dutra[1]



A UTILIZAÇÃO DO LÚDICO COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA PARA A ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO.
Lenice Ramos Dutra[1]


RESUMO

Através deste  artigo científico, objetiva coletar dados que demonstrassem a importância das atividades lúdicas na alfabetização, visto que jogos e brincadeiras são,  essencial na construção de uma aprendizagem significativa e isso em qualquer fase escolar. Pretende-se comprovar que a utilização de jogos e brincadeiras em sala de aula contribui para formação de atitudes sociais como respeito mútuo, cooperação, relação social e interação, auxiliando na construção do conhecimento. Sabe-se que a criança caracteriza-se principalmente pela sua criatividade, pelo fascínio das descobertas, das atividades e situações diferentes, enfim, possui extremo interesse pelo novo, pelo palpável e por tudo o que é no concreto. Assim o processo de aprendizagem na alfabetização e letramento torna-se prazeroso, fácil e dinâmico. 
Palavras chaves: Alfabetização. Letramento. Lúdico. Aprendizagem.  Prazerosa.

INTRODUÇÃO

O objetivo dessa pesquisa é verificar a importância do lúdico dentro do processo de alfabetização e letramento. Os jogos, que por muito tempo fizeram parte da didática de grandes educadores do passado, hoje, surgem como necessidade absoluta e indispensável no processo educativo. Não será abordado o brincar por brincar e sim o brincar sob uma perspectiva pedagógica. Almeida (1978) afirma que os jogos não devem ser fins, mas meios para atingir objetivos. Estes devem ser aplicados para o benefício educativo.
Também, será analisado de que forma o professor deve planejar uma prática pedagógica que otimize e facilite a inclusão do jogo e a brincadeira na escola,  levando em consideração o duplo aspecto de servir ao desenvolvimento da criança, enquanto indivíduo, e à construção do conhecimento, os quais estão fortemente interligados.
Tais processos oportunizam, através da mediação, as mais variadas situações para que a aprendizagem do educando seja significativa, entendendo sua realidade, bem como a possibilidade de alcançar sucessos no processo de alfabetização e letramento.


DESENVOLVIMENTO

Os termos Alfabetização e Letramento são conceitos que têm feito parte de inúmeros estudos e discursos sobre Educação na atualidade. Cada vez mais se percebe  a necessidade de inseri-los nas práticas pedagógicas dos docentes de um modo geral, com foco na Educação de qualidade para todos.
A vida da criança é uma sucessão de experiências de aprendizagem adquirida por ela mesma, quando tem a oportunidade de interação. Ao chegar à escola, ela traz consigo infinitas experiências e conhecimentos acumulados, conquistados por meio de exploração visual, auditiva, jogos, brincadeiras, conversas, passeios, contatos, brinquedos, que influenciarão no processo de aprendizagem.
No processo de aprendizagem da leitura e da escrita, a criança defronta-se com um mundo cheio de atrações (letras, palavras, frases, textos) e se engajará neste mundo muito mais facilmente se puder participar integralmente dele e se o processo for transformado num grande ato lúdico (participativo, inteligente, prazeroso), em oposição ao ato técnico (estático, repetitivo, mecânico) muito próprio das escolas. Portanto, percebe-se a necessidade de se relacionar o processo de alfabetização com o lúdico, na forma de jogos e brincadeiras, que despertam o interesse e arrebatam a atenção das crianças, tornando este processo cheio de significado.
A alfabetização não se encontra mais sozinha. Hoje a proposta é alfabetizar letrando. Sobre isso, o caderno pedagógico do pró-letramento diz:

“ao mesmo tempo em que a criança se familiariza com o Sistema de Escrita alfabética, para que ela venha a compreendê-lo e a usa-lo com desenvoltura, ela já participa na escola, de práticas de leitura e escrita, sou seja, ainda começando a ser alfabetizada, ela já pode e deve ler e escrever, mesmo que não domine as particularidades de funcionamento da escrita.”

É impossível não perceber a importância que se vem concedendo, em escala cada vez mais crescente, ao mundo dos símbolos. Em todos os lugares, a todo instante, estamos rodeados por informações expressas por meio de letras, números, sinais, desenhos, mapas. Assim sendo, para desempenhar desde as mais simples atividades cotidianas às mais complexas, é necessário ler, interpretar, compreender, escrever com autonomia.
Portanto, não nos resta dúvida de que na escola, importante agência de letramento, primeiramente “[...] é necessário reconhecer que alfabetização – entendida como a aquisição do sistema convencional de escrita – distingue-se de letramento – entendido como o desenvolvimento de comportamentos e habilidades de uso competente da leitura e da escrita em práticas sociais […]” (SOARES, 2004, p.20). Além disso, é relevante compreender que é importante  ir muito além do domínio do código escrito. Nosso desafio se constitui em “alfabetizar letrando, ou letrar alfabetizando, pela integração e articulação das várias facetas do processo de aprendizagem inicial da língua escrita [...].” (SOARES, 2004, p.22).
A alfabetização e o lúdico são inseparáveis. O ambiente lúdico é o mais propício para a aprendizagem e produz verdadeira internalização da alfabetização e do letramento. O brincar pedagogicamente deve estar incluído no dia-a-dia das crianças. Dessa forma será proporcionado o desenvolvimento das capacidades cognitivas, motora, afetiva, ética, estética, de relação interpessoal e de inserção social e a aprendizagem específica da alfabetização. Ao brincar, a criança tem a possibilidade de conhecer seu próprio corpo, o espaço físico e social. Brincando, a criança tem oportunidade de aprender conceitos, regras, normas, valores e também conteúdos conceituais, atitudinais e procedimentos nas mais diversas formas de conhecimento.
O lúdico favorece a autoestima da criança e a interação de seus pares, propiciando situações de aprendizagem e desenvolvimento de suas capacidades cognitivas. É um caminho que leva as crianças para novas descobertas, revelando segredos escondidos explorando, assim, um mundo desconhecido. A criança brincando o tempo todo e em todo o tempo. Por isso que a comida, o lápis, os sapatos, tudo se torna brinquedo. Quando está sem nenhum objeto seu corpo torna-se um brinquedo. O brincar é uma atividade própria da criança, dessa forma, ela se movimenta e se posiciona diante do mundo em que vive. Na alfabetização e no letramento ela não brinca por brincar, ela brinca com propósitos e com um olhar pedagógico.
Com os desafios lúdicos, as professoras estimulam o pensamento, desenvolvem a inteligência, fazendo com que a criança alcance níveis de desenvolvimento que só o interesse pode provocar. A alfabetização e o letramento acontecem de forma contínua na vida criança e, quando o lúdico está presente nas práticas educativas, nas atividades de aprendizagem, nos momentos de atividades mais  livres, desperta a criança para o prazer de estar na escola e de aprender. Assim, elas criam um espaço de experimentação e descoberta de novos caminhos de forma alegre, dinâmica e criativa.
Essa forma de aprender ajuda na preparação para a vida adulta, pois desenvolve as funções intelectuais e desenvolve suas potencialidades. Vygotsky (1987) afirma que na brincadeira “a criança se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário; no brinquedo, é como se ela fosse maior do que ela é na realidade” (p. 117). Enquanto a criança brinca, amplia sua capacidade corporal, explora as percepções e, sobretudo, desenvolve e estimula o raciocínio e a concentração, fatores fundamentais para o aprendizado. Rir, aceitar limites, organizar uma tarefa, concentrar, disputar, estar atento, sentir frio na barriga, raciocinar, pensar, gargalhar, competir com os outros e consigo próprio, ser curioso, ter prazer, cooperar, descobrir-se na relação com os outros, ser ágil, surpreender-se com a atitude do outro, emocionar-se.  É difícil esgotar a riqueza de contribuições que os jogos e brincadeiras podem trazer para o desenvolvimento humano de seres pequenos, jovens ou adultos.
         O lúdico enriquece o vocabulário, aumenta o raciocínio lógico e leva a criança a avançar em suas hipóteses. Dessa forma, ela desenvolve o processo de ensino aprendizagem, se alfabetiza e de forma divertida e dinâmica . As atividades lúdicas são fundamentais para uma aprendizagem divertida e de sucesso. O caderno pedagógico do pró-letramento diz que “os jogos promovem habilidades no exercício fonológico, na exploração e domínio das relações som-grafia, levando a terem avanços na leitura e escrita”. Nas situações de jogar, brincar, os alunos partilham suas descobertas com os colegas e assim vão aprendendo a ler e a escrever.




O papel do professor diante do desafio da ludicidade na alfabetização e no letramento.

No dia-a-dia do professor em sala de aula, é preciso buscar novas formas de tornar o ensino estimulante e eficaz. No caderno do Pró-letramento, (p. 6) fala que “o ensino estimulante junta o prazer e o divertimento à aprendizagem”.  Diante disso, é necessário criar situações de ensino-aprendizagem possibilitando um trabalho com dimensões lúdicas dentro e fora da sala de aula.
Quando a criança é motivada pelo prazer, ela se envolve mais facilmente nas atividades e, consequentemente, fica à disposição para aprender. O caderno de pró-letramento (p. 6) aponta que “que os jogos e as brincadeiras promovem tanto a apropriação do sistema de escrita alfabética quanto das práticas de leitura, escrita e oralidades significativas”. É preciso aplicar estratégicas de forma lúdica, seja através das brincadeiras, do ritmo de uma música, das poesias, das rimas ou do envolvimento da turma nas elaborações de atividades.
Os jogos precisam estar no planejamento do professor e ele deve motivar seus alunos na criação de novos jogos. As atividades lúdicas auxiliam na alfabetização e no letramento, mas precisam chegar aos alunos com planejamento e estratégias. Não é simplesmente dar o jogo e deixa os alunos jogarem do “jeito” deles. O caderno pedagógico do pró-letramento, (p. 35) afirma: “Os objetivos pedagógicos devem nortear o uso de atividades lúdicas no processo de alfabetização: brincar por brincar pode ser divertido, mas não necessariamente contribui para o processo de ensino-aprendizagem.”
O professor precisa estar atento às perguntas e soluções que os alunos propõem e o momento da atividade lúdica é um espaço de grande aproveitamento para isso. Dessa forma, o professor visualiza melhor as estratégias e os progressos que cada aluno está fazendo. É necessário interagir com os alunos, direcionando-os para a aprendizagem. Negociando com eles as regras e a familiarização do jogo.
Cada criança possui um grande potencial para aprender, o que as levam a internalizar o a aprendizagem aproveitando assim  as oportunidades que lhes são oferecidas. Dessa forma elas constroem sua aprendizagem, criando e recriando. Faz-se necessário que os professores, além de ter o conhecimento, comprometimento, experiência e identificação com a tarefa de alfabetizar, alarguem, continuamente, seus conhecimentos sobre linguística, psicolinguística, sociolinguística, psicologia e para além disso: que se proponham a repensar frequentemente sua prática, de modo a perseguir o objetivo de atingir a todos os alunos, nem que para isso tenham que lançar mão de métodos e estratégias variados, porém, com segurança e intencionalidades bem definidas.
Leitor, escritor, mediador, observador, afetivo, pesquisador, flexível, estudioso, são sem sombra de dúvida, algumas das características de um bom alfabetizador. Para que um professor introduza jogos no dia-a-dia de sua classe ou planeje atividades lúdicas, é preciso que ele acredite que brincar é essencial na aquisição de conhecimentos, no desenvolvimento da sociabilidade e na construção da identidade.

CONCLUSÃO

A ludicidade se apresenta como requisito fundamental tanto ao desenvolvimento cognitivo e motor da criança, quanto à socialização e a aprendizagem. A alfabetização torna-se divertida quando a criança brinca e, dessa maneira, vai construindo seu aprendizado. Porém, é de suma importância que haja, da parte do professor, um planejamento diversificado almejando, principalmente, o amplo desenvolvimento da criança levando-a ao aperfeiçoamento e avanço na sua aprendizagem. Cabe ao professor, em seu papel de mediador, proporcionar atividades que desafiem seus alunos e os desenvolvam em sua totalidade.
O lúdico, junto com o imaginário, oferecem caminhos amplos para o desenvolvimento das crianças tornando-as mais críticas, autônomas, criativas, felizes e, com isso, realiza um aprendizado com significação. Dessa forma, possibilita-se uma observação mais ampla do mundo, promovendo o desenvolvimento em todas as dimensões humanas e levando ao sucesso na alfabetização e o letramento. Toda educação, verdadeiramente comprometida com o exercício da cidadania, precisa criar condições para o desenvolvimento da capacidade de uso eficaz da linguagem que satisfaça necessidades pessoais. O lúdico vem ligar de forma divertida a criança a aprendizagem significativa.

Bibliografia
ALMEIDA, Paulo Nunes. Dinâmica lúdica jogos pedagógicos. São Paulo: Loyola. 1978.
_______________________- Ana me indicou.
FARIA, Valéria.   Currículo na Educação Infantil. SP: Scipione, 2007.
HUIZINGA, Johan.   Homo Ludens.   SP: Edit. Perspectiva, 1999.
KISHIMOTO, Tizuka.   Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação.   SP: Cortez, 2006.
Pró-letramento: Programa de Formação Continuada de Professores dos anos/séries Iniciais do Ensino Fundamental: alfabetização e linguagem. – Ed.rev. e ampl. Incluindo SAEB/Prova Brasil matriz de referência/ Secretaria de Educação Básica – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008.
SOARES, Magda. Alfabetização e letramento: caminhos e descaminhos. Pátio: revista pedagógica, Porto Alegra: RS, n. 29, p. 18-22, fev./abr. 2004.
________________ O Brincar e suas teorias.   SP, Pioneira, 2002.
VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1987.    


[1] Professora de Educação Infantil e Séries Fundamentais pela Universidade Federal do Estado de Santa Catarina - UDESC.  Especialista em Psicopedagogia Clinica e Institucional e Gestão do Trabalho Pedagógico: Orientação e Supervisão Escolar e Tutora da Escola Superior de Administração Fazendária - ESAF. Coode2010@gmail.com.

Ética na educação: Faz toda a diferença Autora: Lenice Ramos Dutra[1]



Ética na educação: Faz toda a diferença
Lenice Ramos Dutra[1]


Resumo
Esta pesquisa objetivou evidenciar a importância da ética na educação. Em todos os setores, e na educação não é diferente, necessitamos de profissionais com integridade, verdade, que desejam o melhor para o outro, que se envolvam e buscam cumprir as regras que trarão benefícios à sociedade. A ética na educação trará: uma educação comprometida, de qualidade que forme cidadãos de responsabilidade com princípios e valores. Sempre se ouviu falar que os professores são os exemplos para a sociedade e, consequentemente, para seus educandos. Quando os profissionais da educação visam ao outro e trabalham para o bem comum, olhando seu aluno como ser humano individual, ele trabalha em prol da formação dos educandos que, aos poucos, se tornaram parte ativa e participava da sociedade. Nessa perceptiva até mesmo o comportamento social do professor precisa gerar em torno dos princípios e valores da sociedade em que ele está inserido, sendo honesto, colaborador, ou seja, com um caráter integro e sem vínculos com vícios.

Palavras-chave: Ética. Professor. Aluno. Educação.

INTRODUÇÃO

Esse artigo propõe discutir a necessidade de nos dias de hoje termos profissionais éticos, que acreditem que através da educação ainda é possível formar cidadãos compromissados, ousados, críticos e corajosos capazes de lutar por seus direitos, por causas significativas e por uma sociedade mais justa e igualitária. Dentro da ética educacional o professor não procurará apenas colocar seu conteúdo cientifico, ignorando o aluno num contexto integral. Ou seja, o aluno deve se desenvolver num todo, no afetivo, no biológico, cognitivo, no psicomotor e social. Assim o aluno através do seu contato com os professores vai se desenvolvendo, ampliando sua visão de mundo e criando condições necessárias para compreender e viver nesse mundo de forma adequada e coerente, transformando sua realidade.



DESENVOLVIMENTO

Falar de ética nos dias atuais tornou-se comum, faz parte do nosso vocabulário. Logo nos vem à mente o relacionamento, como viver com o outro que é diferente, porém, não um estranho, mas um ser humano como nós que, de certa forma, anda conosco, como diz Cortella: “ser humano é ser junto” (2010, pg.117).
A ética não olha apenas para o interesse de uma pessoa, ela olha para o interesse de um grupo. Cortella (2010, pg.106) fala que a ética, no seu sentido de conjunto de princípios e valores, é usada para “responder as três grandes perguntas da vida humana: QUERO? DEVO? POSSO?”. A ética na educação também está no auge, mas será que realmente se entende o que isso significa?
Quando se fala de ética na educação logo se pensa na conduta do professor em relação a seus educandos. A ética gira em todos os princípios e valores que norteiam a ação estabelecendo regras para o bem comum, tanto no individual como no coletivo, assim estabelece princípios gerais. Boff aponta que “Ético significa, portanto, tudo aquilo que ajuda a tornar melhor o ambiente para que seja uma moradia saudável: materialmente sustentável psicologicamente integrada e espiritualmente fecundada” (1997). No caso da educação gira em torno dos educandos.
O Estatuto da Criança e do Adolescente, LEI Nº 8.069, de 13 de julho de 1990, Art. 53 fala que a criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho. Sendo assim, o professor precisa trabalhar e empenhar-se para que isso ocorra. Seja em suas atitudes docentes, nas relações com os educandos, na postura do professor em sala, no chamar a atenção nas conversas, no relacionamento com os profissionais da escola ou na forma como se comporta na sociedade, a ética se faz presente como algo muito fundamental. O que é ética afinal?
Cortella (2010, pg.106) nos apresenta a seguinte definição:
“A ética é o conjunto de princípios e valores da nossa conduta na vida junta. Portanto, ética é o que faz a fronteira entre o que a natureza manda e o que nós decidimos. A ética é aquilo que orienta a sua capacidade de decidir, julgar,avaliar.”

As Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil (DCMsEI) fala sobre três princípios: éticos, estéticos e políticos. Sobre os princípios éticos comenta-se: “Princípios éticos: valorização da autonomia, da responsabilidade e do respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas, identidades e singularidades”. Torna-se necessário que o professor em todo tempo aja com responsabilidade e forme em seus educandos uma atitude ética diante da vida. Dentro da ética estão contidas posturas bem definidas, pois os professores tornam-se modelo para seus educandos. O professor não pode pensar no educando apenas em sala de aula visando somente às notas para serem aprovados em sua matéria. Sendo um ser que vive em sociedade, cabe a ele com responsabilidade ajudar seu educando a se integrar na sociedade de forma ativa e participativa.
Para a atuação do professor, seja com os educandos ou com o corpo docente, é necessário possuir um estilo de vida equilibrado, desapegado de vícios que prejudiquem a si mesmo e aos outros. Suas ações precisam conter: afeto, alegria, sobriedade, moderação e em seu modelo de fala deve usar palavras cultas e não chulas ou gírias. Diante disso, não se pode deixar de pensar na importância das vestimentas, que não devem ser inconvenientes como: rasgadas, transparentes, curtas ou apertadas. É propício o uso de algo que lhe caia bem, seja descente e que combine com ele/ela, ou seja, usar algo que mostre seu estilo, lembrando que até nisso será copiado. A ética está presente em tudo. Cortella (2010, pg.107) diz que: “A ética é uma plantinha frágil que deve ser regada diariamente.” Isso acontece no nosso cotidiano.
Com o corpo docente ou a gestão, seu relacionamento deve acontecer de forma singela e colaborativa, pois ambos estão traçando objetivos para caminhos que os levarão a um só objetivo, a uma educação de qualidade, a uma aprendizagem significativa e ao crescimento de seus educandos. Ainda precisamos observar que é preciso tomar certos cuidados, principalmente, na sala dos professores nos intervalos, nos momentos de estudos e, é claro, na sua vida individual, dentre, os quais se podem relacionar:
- Comentário de ordem pessoal ou profissional negativa de outro docente ou de um educando;
- Falar mal da instituição fora do espaço de trabalho depreciando a direção, coordenação e outros;
- Se isolar em sua sala não permitindo que alguém lhe forneça sugestões para melhorar sua prática e não preste auxílio a um colega quando este necessita;
- Ano após ano em sala, adquirindo experiência, se autoavalia como o “super professor”, pensando que sabe tudo, fechando-se, assim, para o aprendizado que acontece do educando para ele.
Como é possível um professor permanecer na educação, no trato com os educandos quando se está nesse cargo porque não tem outra profissão ou simplesmente esperando a aposentadoria? O professor precisa acreditar na educação e ter convicção de que ela pode mudar a sociedade. Tem papel fundamental, ele influencia na maneira de pensar e agir dos educandos.
No livro “O tosco” o psicólogo Gilberto nos conta, de forma direta e simples, fatos da própria vida e nos mostra como a vida de um educando pode ser mudada com a ação positiva do professor. No decorrer da história é relatado (2009, pg. 75):
 “- Me da um abraço? Pediu o professor. – O que? Não deu nem tempo. O professor me abraçou. Não lembrava de um abraço. Constrangido, bem desajeitado, dei um abraço. Ou melhor recebi um abraço.”
Os educandos têm direito a ter uma educação prazerosa e de qualidade. É fundamental que o professor cumpra as regras e normas da nossa educação. Para que a educação se torne com sabor e alcance seus objetivos, não dá para se pensar em apenas ensinar o conteúdo de determinada matéria, mas é necessário investir no educando para que ele se desenvolva, tornando-se crítico diante do que vê e lê, um questionador, sendo autor da sua própria história, saindo da plateia e indo ao palco. Cury (2003, pg. 66) em suas sábias palavras afirma que:
“É estimular o aluno a pensar antes de reagir, a não ter medo do medo, a ser líder de si mesmo, autor da sua própria história, a saber filtrar os estímulos estressantes e a trabalhar não apenas com fatos lógicos e problemas concretos, mas também com as contradições da vida”.


Vamos fazer um cálculo: um educando na educação infantil, fica 5 dias por semana, em média 5 anos, se contarmos berçário, maternal I, maternal II, jardim I e jardim II, mais ou menos 8h por dia, lembrando que essa é a primeira fase do ensino fundamental. Dez anos na segunda fase do ensino fundamental contando com a pré-escola. Aqui ele fica apenas 4h por dia. Ao todo são 15 anos. O ano letivo tem 220 dias, então, vamos aos números. Nosso educando ficará 3.300 dias, 110 meses em média. Na educação infantil o educando ficou em média 8.800h e na segunda fase do ensino fundamental 8.800h, no total: 17.600 horas. Com tantas horas no centro de educação infantil e no fundamental é inadmissível que ele saia apenas com conceitos científicos.  Durante todo esse tempo e passando por tantos professores que têm o dever de lhe proporcionar uma educação de qualidade, precisa sair com suas potencialidades físicas, cognitivas, sociais, afetivas e psicomotoras desenvolvidas. Assim será capaz de intervir e provocar mudanças onde estiver.

CONCLUSÃO

Com certeza, os professores comprometidos com a ética, influenciam eticamente seus educandos, dando sua contribuição na transformação da sociedade. Sabemos que isso se constata em longo prazo, mas com certeza no tempo presente influenciam a mudança de pensamento, de atitude, ou seja, a vida de seus educandos. Dessa forma, constrói-se uma escola compromissada com saberes profundos, onde as experiências são dinamizadas coletivamente entre cidadãos vindos do seu próprio processo de construção, que assumam sua postura diante da vida, e que escolham sempre o melhor para sua vida e para a sociedade. Uma escola capaz de olhar o educando em um todo, acolhê-los, propondo assim um crescimento e desenvolvimento em todas suas dimensões, permite que se tenha uma educação com tempero, preocupada com o desenvolvimento completo de crianças e jovens, provocando, desse modo, uma grande mudança no futuro da sociedade.

  

BIBLIOGRAFIA



BOFF. Leonardo. A águia e a galinha: uma metáfora da condição humana. Petrópolis, RJ:  Vozes, 1997.
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei Federal nº 8069, de 13 de julho de 1990.
BRASIL. Ministério da Educação e da Cultura. Secretaria da Educação Básica. Resolução Nº5, de 17 de dezembro de 2009. Fixa as Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil. Diário Oficial da União, Brasília, 18 de dezembro de 2009, Seção 1, p.18.
CORTELLA. Mario Sergio. Qual é a tua obra?: inquietações propositivas sobre gestão, liderança e ética. 9ed. – Petrópolis, RJ, Vozes, 2010.
CURY. Augusto Jorge. Pais brilhantes, professores fascinantes. RJ, Sextante, 2003.
MATTJE. Gilberto Dari. Tosco. Campo Grande: Gráfica e Editora alvora, 2009.


* Mestrando(a) em Ciências da Educação na UPG – Filial  Ciudad Del Este.

Infância aprendizagem com significação e naturalidade Autora: Lenice Ramos Dutra

Infância aprendizagem com significação e naturalidade
Lenice Ramos Dutra[1]


Resumo
O presente trabalho tem como objetivo analisar a importância do desenvolvimento completo da criança, em todas as áreas, sem comprometer sua infância. A criança precisa desenvolver-se de uma forma natural e divertida, interagindo com outras crianças de sua idade e com adultos. A entrada das crianças nos Centros Educacionais Infantis e na escola não pode ser um obstáculo que venha tirar-lhe a infância de qualquer forma, pelo contrário, essas instituições precisam garantir-lhes uma infância saudável e de aprendizagem significativa. A aprendizagem necessita provocar encantamento para que a criança, com naturalidade, desenvolva suas habilidades afetiva, cognitiva, social e motora. Os conteúdos não podem deixar de lado experiências importantes da infância, como o brincar, rir, fazer coisas diferentes, que são experiências prazerosas e que, num processo contínuo, as auxilia na aprendizagem e no seu desenvolvimento num todo. Com a ajuda do professor, agindo com maturidade, seriedade e diversidade, tais experiências próprias da infância, contribuem na condução do processo de aprendizagem com significação.
Palavras chaves: Infância, Criança, Aprendizado, Naturalidade, Professor.

Introdução

Objetiva-se com essa pesquisa verificar a importância das instituições como Centro de Educação Infantil e escola proporcionarem às crianças uma aprendizagem com significado sem tirar-lhes o que é próprio da  infância. O conteúdo não é mais importante que o desenvolvimento na sua totalidade, do ser criativo, da afetividade, do cognitivo e do motor. Além disso, é necessário ensinar-lhes a serem cidadãos críticos e responsáveis. Isso nem sempre é uma tarefa fácil para o professor  tem o dever e privilégio de ter em suas mãos o alvo principal da educação: a criança. A tarefa do professor não é somente passar seu conteúdo, mas buscar oportunidades, alternativas melhores e mais eficientes a cada dia, num processo contínuo, proporcionando um aprendizado de qualidade, que modifique, assim, a vida da criança.

Desenvolvimento

Você já parou para pensar o que vem em mente quando se pensa em criança? Entre tantas coisas podemos pensar em: alegria, movimento, criatividade, espontaneidade, cuidado, enfim um ser humano. A criança não é um adulto em miniatura, mas um ser único em construção social, que bem orientada tornar-se-á um autor de sua própria história. As DCMs (Diretrizes Curriculares Municipais de Blumenau SC – Brasil) da Educação Infantil (2013, pg.63) apresentam uma definição:

“entende-se criança como sujeito histórico e de direitos de um grupo social, construtora de conhecimento, de identidade e de cultura, que tem capacidade para aprender, criar, imaginar, brincar, investigar e se desenvolver com ser humano, em uma relação ativa com outras pessoas e, em interação com o mundo.”

A criança é alguém que necessita de amor, atenção, cuidados, que lhe mostre o caminho, a direção, e de alguém que lhe ensine até mesmo o brincar, Brougere (2010, p.01) destaca, “[...] que a criança não aprende a brincar naturalmente. Ela está inserida em um contexto social e cultural e seus comportamentos estão impregnados por essa imersão inevitável”. A Educação Infantil e a escola têm como papel formar cidadãos conscientes de seus deveres e de seus direitos, estimulando, sempre, a criança a olhar além, a questionar, a pensar, decidir, mas nunca desistir. Para que isso aconteça o professor precisar tornar suas aulas diversificadas e criativas aplicando o conteúdo na sua interdisciplinaridade. Paulo Freire (2002, p.96) diz: “Nesse sentido, o bom professor é o que consegue, enquanto fala trazer o aluno até a intimidade do movimento de seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma “cantiga de ninar”. Seus alunos cansam, não dormem.”.
Entre os profissionais da educação, em suas conversas, congressos e outros encontros, por muitas vezes é mencionada a importância da infância e das séries iniciais, no processo da aprendizagem e a importância de se ter educação de qualidade. Seus discursos acabam ficando em torno de como registrar, planejar, como arrancar notas e o que fazer diante da indisciplina. Porém, há, também, a discussão sobre as crianças no sentido de como são inteligentes, ágeis, como avançaram, as conquistas e suas superações. Quem são as crianças, “os alunos”, os pupilos ou ainda os miúdos (como são chamados na Escola da Ponte), enfim, quem são esses seres pequenos, cheios de curiosidades, de perguntas e que se opõem quando os adultos lhes impõem que sigam, ou ajam de acordo com os ideais destes? Eles dizem: “façam isso e depois aquilo” e elas simplesmente querem ficar mais um pouco no chão montando seu foguete com suas pecinhas de montar. Ela não deseja sair daquele momento. Como é possível abortar um pensamento tão cheio de criatividade? E devido a isso em certos momentos na avaliação o professor coloca sobre a criança “não respeita as regras necessitando da intervenção do professor”. Qual nosso olhar para essa criança? Ela é uma pessoa de carne e osso, que está em construção de sua personalidade. Ela ri, chora e, muitas vezes, está com problemas interiores e que não sabe como lidar.
Nem sempre as crianças querem realizar a atividade proposta pelo professor. Se tudo que os professores têm é um planejamento pronto, como esperam que as crianças tenham prazer de aprender? Como se pode obrigar alguém a fazer algo que não lhe traz prazer, que não provoca o brilho no olhar o grito de êxtase? Algumas perguntas para você: Como você reagiria se seu pai e sua mãe fossem morar em outra cidade e lhe deixasse com a sua avó? Como você reagiria se seu pai só brigasse com você e sua mãe mal lhe dirigisse a palavra? Passando por essas situações, diga como você gostaria que seu professor agisse com você?
Muitas vezes o CEI (Centro de Educação Infantil) ou a escola tornam-se o segundo lugar mais odiado pela criança, onde passa grande parte do seu tempo. Além de ter que suportar as piadinhas dos colegas, as diversas situações vexatórias que enfrenta, precisa suportar de seus professores (que deveriam ser seu referencial), as humilhações na frente de seus colegas e conversas aos gritos e de palavras depreciativas e, por muitas vezes, exigindo que aprendam o que lhes é imposto e nem se dão conta que ainda não estão na fase de reter esse conhecimento. Não entendem que toda criança tem sua própria fase de desenvolvimento neurológico e isso precisa ser respeitado. Sana (2005, pg.18) diz que:

“Deve-se sempre respeitar as fases de desenvolvimento infantil e o ritmo das crianças, não forçá-la a fazer o que está fora do seu alcance, o que ela ainda não tem condições de realizar física ou mentalmente, a não ser que ela própria demonstre interesse e capacidade para tal.”

   Nossa infância tem direito a ter infância, de desejar ser feliz, de aprender com significação. Direito de ser curiosa, de ir à busca de algo a mais e de ser amada. Nossa criança já teve seu passado, conhecerá logo seu futuro, mas o professor pode dar a ela um grande presente no presente. Amando-a, ouvindo-a, desafiando-a a vencer seus limites, mostrando que a vida pode ser bela mesmo com momentos de sofrimento. O  sofrimento é a argamassa que liga a vitória, para isso ele precisa ir à luta e nunca desistir, Cury (2003,pg.13) diz que: “O sofrimento nos constrói ou nos destrói. Devemos usar o sofrimento para construir a sabedoria.” No final de cada período vem a avaliação, ela acontece em relação ao português, a matemática, e outras matérias, mas raramente se avalia a participação, seus relacionamentos com as outras crianças, seus avanços reais. Quantos desses pequenos só pelo fato de estarem vivos já são vitoriosos, merecedoras de nota 10. Não estamos lidando com coisas,  estamos lidando com as pérolas mais lindas e preciosas do mundo. Uma dádiva que está em nossas mãos para serem  amadas e respeitadas, crescendo na arte de argumentar e de ver a vida de forma fácil. É fundamental despertar a curiosidade, o desejo de aprender, de conhecer algo novo e ousar a percorrer caminhos nunca trilhados.

Conclusão

 Assim como nós adultos admiramos pessoas que nos encantam, as crianças também admiram aquelas pessoas que passando pela vida delas as encantam. Uma delas é sempre o (a) professor (a), para as crianças é o (a) rei (rainha), é com quem querem parecer e como é bom estar com ele (ela), pois é o meu (a minha) “fessor/fessora”.  O relacionamento de um professor durante a infância e pré-infância é a bússola que orienta o prazer dela no dia a dia com a aprendizagem,  por isso   precisa ter muita afetividade, abraços, o falar olho no olho, companheirismo, assim criará uma amizade que marcará positivamente. É necessário planejar, ter organização, mas nunca se esquecer de encantar, do fazer por prazer. Tornar até mesmo as simples regrinhas de comportamento em diversão , brincando, aprendendo e cumprindo regras, assim os professores montam formas diferentes de aprender com naturalidade. Aprender é algo divertido  assim todo objeto de estudo deve se tornar um brinquedo. E o professor torna-se mais que uma figura, um amigo, Rubem Alves (2004,pg.62)      diz que “O maior prêmio de um professor é quando os alunos se tornam amigos dele. Um verdadeiro professor nunca sofre de solidão.”


Bibliografia
BLUMENAU(SC). Prefeitura. Secretaria Municipal de Educação. Educação Infantil – Blumenau: Prefeitura Municipal de Blumenau/SEMED, 2012. 108p. : Il.-(Diretrizes curriculares municipais para educação básica;v.1)
BOUGERE, Gilles. Brinquedos e culta. São Paulo: Cortez, 2010
CURY, Augusto Jorge. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro, sextante, 2003.
FREIRE. Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo, Paz e Terra, 2003.
ALVES. Rubem.O Desejo de Ensinar e a Arte de Aprender/Rubem Alves. - Campinas: Fundação EDUCAR DPaschoal, 2004.
SANA. Cristiane Cador. Porque meu filho não aprende?. Blumenau , Ekos, 2005.




[1]              * Mestranda em Ciências da Educação na UPG – Filial  Ciudad Del Este.