Ética
na educação: Faz toda a diferença
Lenice Ramos Dutra[1]
Resumo
Esta pesquisa
objetivou evidenciar a importância da ética na educação. Em todos os setores, e
na educação não é diferente, necessitamos de profissionais com integridade,
verdade, que desejam o melhor para o outro, que se envolvam e buscam cumprir as
regras que trarão benefícios à sociedade. A ética na educação trará: uma
educação comprometida, de qualidade que forme cidadãos de responsabilidade com
princípios e valores. Sempre se ouviu falar que os professores são os exemplos
para a sociedade e, consequentemente, para seus educandos. Quando os
profissionais da educação visam ao outro e trabalham para o bem comum, olhando
seu aluno como ser humano individual, ele trabalha em prol da formação dos
educandos que, aos poucos, se tornaram parte ativa e participava da sociedade.
Nessa perceptiva até mesmo o comportamento social do professor precisa gerar em
torno dos princípios e valores da sociedade em que ele está inserido, sendo
honesto, colaborador, ou seja, com um caráter integro e
sem vínculos com vícios.
Palavras-chave:
Ética. Professor. Aluno. Educação.
INTRODUÇÃO
Esse artigo propõe discutir
a necessidade de nos dias de hoje termos profissionais éticos, que acreditem
que através da educação ainda é possível formar cidadãos compromissados,
ousados, críticos e corajosos capazes de lutar por seus direitos, por causas
significativas e por uma sociedade mais justa e igualitária. Dentro da ética
educacional o professor não procurará apenas colocar seu conteúdo cientifico,
ignorando o aluno num contexto integral. Ou seja, o aluno deve se desenvolver
num todo, no afetivo, no biológico, cognitivo, no psicomotor e social. Assim o
aluno através do seu contato com os professores vai se desenvolvendo, ampliando
sua visão de mundo e criando condições necessárias para compreender e viver
nesse mundo de forma adequada e coerente, transformando sua realidade.
DESENVOLVIMENTO
Falar de ética nos dias
atuais tornou-se comum, faz parte do nosso vocabulário. Logo nos vem à mente o
relacionamento, como viver com o outro que é diferente, porém, não um estranho,
mas um ser humano como nós que, de certa forma, anda conosco, como diz Cortella:
“ser humano é ser junto” (2010, pg.117).
A ética não olha apenas para
o interesse de uma pessoa, ela olha para o interesse de um grupo. Cortella (2010,
pg.106) fala que a ética, no seu sentido de conjunto de princípios e valores, é
usada para “responder as três grandes perguntas da vida humana: QUERO? DEVO? POSSO?”.
A ética na educação também está no auge, mas será que realmente se entende o
que isso significa?
Quando se fala de ética na
educação logo se pensa na conduta do professor em relação a seus educandos. A
ética gira em todos os princípios e valores que norteiam a ação estabelecendo
regras para o bem comum, tanto no individual como no coletivo, assim estabelece princípios
gerais. Boff aponta que “Ético significa, portanto, tudo aquilo que ajuda a
tornar melhor o ambiente para que seja uma moradia saudável: materialmente
sustentável psicologicamente integrada e espiritualmente fecundada” (1997). No
caso da educação gira em torno dos educandos.
O Estatuto da Criança e do Adolescente, LEI Nº 8.069, de 13 de julho de 1990, Art.
53 fala que a criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno
desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e
qualificação para o trabalho. Sendo assim, o professor precisa trabalhar e empenhar-se
para que isso ocorra. Seja em suas atitudes docentes, nas relações com os educandos,
na postura do professor em sala, no chamar a atenção nas conversas, no
relacionamento com os profissionais da escola ou na forma como se comporta na
sociedade, a ética se faz presente como algo muito fundamental. O que é ética
afinal?
Cortella (2010, pg.106) nos
apresenta a seguinte definição:
“A ética é o conjunto
de princípios e valores da nossa conduta na vida junta. Portanto, ética é o que
faz a fronteira entre o que a natureza manda e o que nós decidimos. A ética é
aquilo que orienta a sua capacidade de decidir, julgar,avaliar.”
As Diretrizes Curriculares
para a Educação Infantil (DCMsEI) fala sobre três princípios: éticos, estéticos
e políticos. Sobre os princípios éticos comenta-se: “Princípios éticos:
valorização da autonomia, da responsabilidade e do respeito ao bem comum, ao
meio ambiente e às diferentes culturas, identidades e singularidades”. Torna-se
necessário que o professor em todo tempo aja com responsabilidade e forme em
seus educandos uma atitude ética diante da vida. Dentro da ética estão contidas
posturas bem definidas, pois os professores tornam-se modelo para seus educandos.
O professor não pode pensar no educando apenas em sala de aula visando somente às
notas para serem aprovados em sua matéria. Sendo um ser que vive em sociedade,
cabe a ele com responsabilidade ajudar seu educando a se integrar na sociedade de
forma ativa e participativa.
Para a atuação do professor,
seja com os educandos ou com o corpo docente, é necessário possuir um estilo de
vida equilibrado, desapegado de vícios que prejudiquem a si mesmo e aos outros.
Suas ações precisam conter: afeto, alegria, sobriedade, moderação e em seu
modelo de fala deve usar palavras cultas e não chulas ou gírias. Diante disso,
não se pode deixar de pensar na importância das vestimentas, que não devem ser inconvenientes
como: rasgadas, transparentes, curtas ou apertadas. É propício o uso de algo
que lhe caia bem, seja descente e que combine com ele/ela, ou seja, usar algo
que mostre seu estilo, lembrando que até nisso será copiado. A ética está
presente em tudo. Cortella (2010, pg.107) diz que: “A ética é uma plantinha
frágil que deve ser regada diariamente.” Isso acontece no nosso cotidiano.
Com o corpo docente ou a
gestão, seu relacionamento deve acontecer de forma singela e colaborativa, pois
ambos estão traçando objetivos para caminhos que os levarão a um só objetivo, a
uma educação de qualidade, a uma aprendizagem significativa e ao crescimento de
seus educandos. Ainda precisamos observar que é preciso tomar certos cuidados,
principalmente, na sala dos professores nos intervalos, nos momentos de estudos
e, é claro, na sua vida individual, dentre, os quais se podem relacionar:
- Comentário de ordem pessoal ou profissional
negativa de outro docente ou de um educando;
- Falar mal da instituição fora do espaço de
trabalho depreciando a direção, coordenação e outros;
- Se isolar em sua sala não permitindo que
alguém lhe forneça sugestões para melhorar sua prática e não preste auxílio a um
colega quando este necessita;
- Ano após ano em sala, adquirindo
experiência, se autoavalia como o “super professor”, pensando que sabe tudo,
fechando-se, assim, para o aprendizado que acontece do educando para ele.
Como é possível um professor
permanecer na educação, no trato com os educandos quando se está nesse cargo
porque não tem outra profissão ou simplesmente esperando a aposentadoria? O
professor precisa acreditar na educação e ter convicção de que ela pode mudar a
sociedade. Tem papel fundamental, ele influencia na maneira de pensar e agir
dos educandos.
No livro “O tosco” o
psicólogo Gilberto nos conta, de forma direta e simples, fatos da própria vida
e nos mostra como a vida de um educando pode ser mudada com a ação positiva do
professor. No decorrer da história é relatado (2009, pg. 75):
“- Me da um abraço? Pediu o professor. – O
que? Não deu nem tempo. O professor me abraçou. Não lembrava de um abraço.
Constrangido, bem desajeitado, dei um abraço. Ou melhor recebi um abraço.”
Os educandos têm direito a
ter uma educação prazerosa e de qualidade. É fundamental que o professor cumpra
as regras e normas da nossa educação. Para que a educação se torne com sabor e
alcance seus objetivos, não dá para se pensar em apenas ensinar o conteúdo de
determinada matéria, mas é necessário investir no educando para que ele se
desenvolva, tornando-se crítico diante do que vê e lê, um questionador, sendo
autor da sua própria história, saindo da plateia e indo ao palco. Cury (2003,
pg. 66) em suas sábias palavras afirma que:
“É estimular o aluno
a pensar antes de reagir, a não ter medo do medo, a ser líder de si mesmo,
autor da sua própria história, a saber filtrar os estímulos estressantes e a
trabalhar não apenas com fatos lógicos e problemas concretos, mas também com as
contradições da vida”.
Vamos fazer um cálculo: um educando
na educação infantil, fica 5 dias por semana, em média 5 anos, se contarmos berçário,
maternal I, maternal II, jardim I e jardim II, mais ou menos 8h por dia, lembrando
que essa é a primeira fase do ensino fundamental. Dez anos na segunda fase do ensino
fundamental contando com a pré-escola. Aqui ele fica apenas 4h por dia. Ao todo
são 15 anos. O ano letivo tem 220 dias, então, vamos aos números. Nosso educando
ficará 3.300 dias, 110 meses em média. Na educação infantil o educando ficou em
média 8.800h e na segunda fase do ensino fundamental 8.800h, no total: 17.600 horas.
Com tantas horas no centro de educação infantil e no fundamental é inadmissível
que ele saia apenas com conceitos científicos. Durante todo esse tempo e passando por tantos
professores que têm o dever de lhe proporcionar uma educação de qualidade,
precisa sair com suas potencialidades físicas, cognitivas, sociais, afetivas e
psicomotoras desenvolvidas. Assim será capaz de intervir e provocar mudanças
onde estiver.
CONCLUSÃO
Com certeza, os professores
comprometidos com a ética, influenciam eticamente seus educandos, dando sua
contribuição na transformação da sociedade. Sabemos que isso se constata em
longo prazo, mas com certeza no tempo presente influenciam a mudança de
pensamento, de atitude, ou seja, a vida de seus educandos. Dessa forma, constrói-se
uma escola compromissada com saberes profundos, onde as experiências são
dinamizadas coletivamente entre cidadãos vindos do seu próprio processo de
construção, que assumam sua postura diante da vida, e que escolham sempre o
melhor para sua vida e para a sociedade. Uma escola capaz de olhar o educando
em um todo, acolhê-los, propondo assim um crescimento e desenvolvimento em
todas suas dimensões, permite que se tenha uma educação com tempero, preocupada
com o desenvolvimento completo de crianças e jovens, provocando, desse modo,
uma grande mudança no futuro da sociedade.
BIBLIOGRAFIA
BOFF.
Leonardo. A águia e a galinha: uma
metáfora da condição humana. Petrópolis, RJ:
Vozes, 1997.
BRASIL. Estatuto
da Criança e do Adolescente. Lei Federal nº 8069, de 13 de julho de
1990.
BRASIL. Ministério da Educação e da Cultura. Secretaria da
Educação Básica. Resolução Nº5, de 17 de dezembro de 2009. Fixa as Diretrizes
Curriculares para a Educação Infantil. Diário
Oficial da União, Brasília, 18 de dezembro de 2009, Seção 1, p.18.
CORTELLA.
Mario Sergio. Qual é a tua obra?: inquietações
propositivas sobre gestão, liderança e ética. 9ed. – Petrópolis, RJ, Vozes, 2010.
CURY.
Augusto Jorge. Pais brilhantes,
professores fascinantes. RJ, Sextante, 2003.
MATTJE.
Gilberto Dari. Tosco. Campo Grande:
Gráfica e Editora alvora, 2009.
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