A
UTILIZAÇÃO DO LÚDICO COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA PARA A ALFABETIZAÇÃO E
LETRAMENTO.
Lenice Ramos Dutra[1]
RESUMO
Através deste artigo científico, objetiva coletar dados que
demonstrassem a importância das atividades lúdicas na alfabetização, visto que
jogos e brincadeiras são, essencial na
construção de uma aprendizagem significativa e isso em qualquer fase escolar. Pretende-se
comprovar que a utilização de jogos e brincadeiras em sala de aula contribui
para formação de atitudes sociais como respeito mútuo, cooperação, relação
social e interação, auxiliando na construção do conhecimento. Sabe-se que a
criança caracteriza-se principalmente pela sua criatividade, pelo fascínio das
descobertas, das atividades e situações diferentes, enfim, possui extremo interesse
pelo novo, pelo palpável e por tudo o que é no concreto. Assim o processo de
aprendizagem na alfabetização e letramento torna-se prazeroso, fácil e
dinâmico.
Palavras chaves: Alfabetização. Letramento.
Lúdico. Aprendizagem. Prazerosa.
INTRODUÇÃO
O objetivo dessa pesquisa é verificar a importância
do lúdico dentro do processo de alfabetização e letramento. Os
jogos, que por muito tempo fizeram parte da didática de grandes educadores do passado,
hoje, surgem como necessidade absoluta e indispensável no processo educativo.
Não será abordado o brincar por brincar e sim o brincar sob uma perspectiva
pedagógica. Almeida (1978) afirma que os jogos não devem ser fins, mas meios
para atingir objetivos. Estes devem ser aplicados para o benefício educativo.
Também, será analisado
de que forma o professor deve
planejar uma prática pedagógica que otimize e facilite a inclusão
do jogo e a brincadeira na escola, levando
em consideração o duplo aspecto de servir ao desenvolvimento da criança,
enquanto indivíduo, e à construção do conhecimento, os quais estão fortemente
interligados.
Tais processos oportunizam,
através da mediação, as mais variadas situações para que a aprendizagem do
educando seja significativa, entendendo sua realidade, bem como a possibilidade
de alcançar sucessos no processo de alfabetização e letramento.
DESENVOLVIMENTO
Os termos Alfabetização e
Letramento são conceitos que têm feito parte de inúmeros estudos e discursos
sobre Educação na atualidade. Cada vez mais se percebe a necessidade de inseri-los nas práticas
pedagógicas dos docentes de um modo geral, com foco na Educação de qualidade
para todos.
A vida da criança é uma sucessão de experiências de
aprendizagem adquirida por ela mesma, quando tem a oportunidade de interação.
Ao chegar à escola, ela traz consigo infinitas experiências e conhecimentos
acumulados, conquistados por meio de exploração visual, auditiva, jogos,
brincadeiras, conversas, passeios, contatos, brinquedos, que influenciarão no
processo de aprendizagem.
No processo de aprendizagem da leitura e da escrita,
a criança defronta-se com um mundo cheio de atrações (letras, palavras, frases,
textos) e se engajará neste mundo muito mais facilmente se puder participar
integralmente dele e se o processo for transformado num grande ato lúdico
(participativo, inteligente, prazeroso), em oposição ao ato técnico (estático,
repetitivo, mecânico) muito próprio das escolas. Portanto, percebe-se a
necessidade de se relacionar o processo de alfabetização com o lúdico, na forma
de jogos e brincadeiras, que despertam o interesse e arrebatam a atenção das
crianças, tornando este processo cheio de significado.
A alfabetização não se
encontra mais sozinha. Hoje a proposta é alfabetizar letrando. Sobre isso, o
caderno pedagógico do pró-letramento diz:
“ao
mesmo tempo em que a criança se familiariza com o Sistema de Escrita
alfabética, para que ela venha a compreendê-lo e a usa-lo com desenvoltura, ela
já participa na escola, de práticas de leitura e escrita, sou seja, ainda
começando a ser alfabetizada, ela já pode e deve ler e escrever, mesmo que não
domine as particularidades de funcionamento da escrita.”
É impossível não perceber
a importância que se vem concedendo, em escala cada vez mais crescente, ao
mundo dos símbolos. Em todos os lugares, a todo instante, estamos rodeados por
informações expressas por meio de letras, números, sinais, desenhos, mapas.
Assim sendo, para desempenhar desde as mais simples atividades cotidianas às
mais complexas, é necessário ler, interpretar, compreender, escrever com
autonomia.
Portanto, não nos resta
dúvida de que na escola, importante agência de letramento, primeiramente “[...]
é necessário reconhecer que alfabetização – entendida como a aquisição do
sistema convencional de escrita – distingue-se de letramento – entendido como o
desenvolvimento de comportamentos e habilidades de uso competente da leitura e
da escrita em práticas sociais […]” (SOARES, 2004, p.20). Além disso, é
relevante compreender que é importante ir muito além do domínio do código escrito.
Nosso desafio se constitui em “alfabetizar letrando, ou letrar alfabetizando,
pela integração e articulação das várias facetas do processo de aprendizagem
inicial da língua escrita [...].” (SOARES, 2004, p.22).
A alfabetização e o
lúdico são inseparáveis. O ambiente lúdico é o mais propício para a
aprendizagem e produz verdadeira internalização da alfabetização e do
letramento. O brincar pedagogicamente deve estar incluído no dia-a-dia das
crianças. Dessa forma será proporcionado o desenvolvimento das capacidades
cognitivas, motora, afetiva, ética, estética, de relação interpessoal e de
inserção social e a aprendizagem específica da alfabetização. Ao brincar, a
criança tem a possibilidade de conhecer seu próprio corpo, o espaço físico e
social. Brincando, a criança tem oportunidade de aprender conceitos, regras,
normas, valores e também conteúdos conceituais, atitudinais e procedimentos nas
mais diversas formas de conhecimento.
O
lúdico favorece a autoestima da criança e a interação de seus pares, propiciando
situações de aprendizagem e desenvolvimento de suas capacidades cognitivas. É
um caminho que leva as crianças para novas descobertas, revelando segredos
escondidos explorando, assim, um mundo desconhecido. A criança brincando o
tempo todo e em todo o tempo. Por isso que a comida, o lápis, os sapatos, tudo se
torna brinquedo. Quando está sem nenhum objeto seu corpo torna-se um brinquedo.
O brincar é uma atividade própria da criança, dessa forma, ela se movimenta e
se posiciona diante do mundo em que vive. Na alfabetização e no letramento ela
não brinca por brincar, ela brinca com propósitos e com um olhar pedagógico.
Com
os desafios lúdicos, as professoras estimulam o pensamento, desenvolvem a
inteligência, fazendo com que a criança alcance níveis de desenvolvimento que
só o interesse pode provocar. A alfabetização e o letramento acontecem de forma
contínua na vida criança e, quando o lúdico está presente nas práticas
educativas, nas atividades de aprendizagem, nos momentos de atividades
mais livres, desperta a criança para o
prazer de estar na escola e de aprender. Assim, elas criam um espaço de
experimentação e descoberta de novos caminhos de forma alegre, dinâmica e
criativa.
Essa
forma de aprender ajuda na preparação para a vida adulta, pois desenvolve as
funções intelectuais e desenvolve suas potencialidades. Vygotsky (1987) afirma que na brincadeira “a criança se comporta além do
comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário; no
brinquedo, é como se ela fosse maior do que ela é na realidade” (p. 117). Enquanto
a criança brinca, amplia sua capacidade corporal, explora as percepções e,
sobretudo, desenvolve e estimula o raciocínio e a concentração, fatores
fundamentais para o aprendizado. Rir, aceitar limites, organizar uma tarefa,
concentrar, disputar, estar atento, sentir frio na barriga, raciocinar, pensar,
gargalhar, competir com os outros e consigo próprio, ser curioso, ter prazer,
cooperar, descobrir-se na relação com os outros, ser ágil, surpreender-se com a
atitude do outro, emocionar-se. É difícil
esgotar a riqueza de contribuições que os jogos e brincadeiras podem trazer
para o desenvolvimento humano de seres pequenos, jovens ou adultos.
O lúdico enriquece o
vocabulário, aumenta o raciocínio lógico e leva a criança a avançar em suas
hipóteses. Dessa forma, ela desenvolve o processo de ensino aprendizagem, se
alfabetiza e de forma divertida e dinâmica . As atividades lúdicas são fundamentais
para uma aprendizagem divertida e de sucesso. O caderno pedagógico do pró-letramento
diz que “os jogos promovem habilidades no exercício fonológico, na exploração e
domínio das relações som-grafia, levando a terem avanços na leitura e escrita”.
Nas situações de jogar, brincar, os alunos partilham suas descobertas com os
colegas e assim vão aprendendo a ler e a escrever.
O papel do professor diante do desafio da ludicidade
na alfabetização e no letramento.
No dia-a-dia do
professor em sala de aula, é preciso buscar novas formas de tornar o ensino
estimulante e eficaz. No caderno do Pró-letramento, (p. 6) fala que “o ensino estimulante junta o prazer e o
divertimento à aprendizagem”. Diante
disso, é necessário criar situações de ensino-aprendizagem possibilitando um
trabalho com dimensões lúdicas dentro e fora da sala de aula.
Quando a criança é
motivada pelo prazer, ela se envolve mais facilmente nas atividades e,
consequentemente, fica à disposição para aprender. O caderno de pró-letramento
(p. 6) aponta que “que os jogos e as brincadeiras promovem tanto a apropriação
do sistema de escrita alfabética quanto das práticas de leitura, escrita e
oralidades significativas”. É preciso aplicar estratégicas de forma lúdica,
seja através das brincadeiras, do ritmo de uma música, das poesias, das rimas ou
do envolvimento da turma nas elaborações de atividades.
Os jogos precisam estar
no planejamento do professor e ele deve motivar seus alunos na criação de novos
jogos. As atividades lúdicas auxiliam na alfabetização e no letramento, mas precisam
chegar aos alunos com planejamento e estratégias. Não é simplesmente dar o jogo
e deixa os alunos jogarem do “jeito” deles. O caderno pedagógico do
pró-letramento, (p. 35) afirma: “Os objetivos pedagógicos devem nortear o uso
de atividades lúdicas no processo de alfabetização: brincar por brincar pode
ser divertido, mas não necessariamente contribui para o processo de
ensino-aprendizagem.”
O professor precisa
estar atento às perguntas e soluções que os alunos propõem e o momento da
atividade lúdica é um espaço de grande aproveitamento para isso. Dessa forma, o
professor visualiza melhor as estratégias e os progressos que cada aluno está
fazendo. É necessário interagir com os alunos, direcionando-os para a
aprendizagem. Negociando com eles as regras e a familiarização do jogo.
Cada criança possui um
grande potencial para aprender, o que as levam a internalizar o a aprendizagem aproveitando
assim as oportunidades que lhes são
oferecidas. Dessa forma elas constroem sua aprendizagem, criando e recriando. Faz-se necessário que os professores, além de ter o conhecimento,
comprometimento, experiência e identificação com a tarefa de alfabetizar,
alarguem, continuamente, seus conhecimentos sobre linguística, psicolinguística,
sociolinguística, psicologia e para além disso: que se proponham a repensar
frequentemente sua prática, de modo a perseguir o objetivo de atingir a todos
os alunos, nem que para isso tenham que lançar mão de métodos e estratégias
variados, porém, com segurança e intencionalidades bem definidas.
Leitor, escritor, mediador, observador, afetivo, pesquisador, flexível,
estudioso, são sem sombra de dúvida, algumas das características de um bom
alfabetizador. Para
que um professor introduza jogos no dia-a-dia de sua classe ou planeje
atividades lúdicas, é preciso que ele acredite que brincar é essencial na
aquisição de conhecimentos, no desenvolvimento da sociabilidade e na construção
da identidade.
CONCLUSÃO
A ludicidade se apresenta como requisito fundamental
tanto ao desenvolvimento cognitivo e motor da criança, quanto à socialização e
a aprendizagem. A alfabetização torna-se divertida quando a criança brinca e,
dessa maneira, vai construindo seu aprendizado. Porém, é de suma importância
que haja, da parte do professor, um planejamento diversificado almejando,
principalmente, o amplo desenvolvimento da criança levando-a ao aperfeiçoamento
e avanço na sua aprendizagem. Cabe ao professor, em seu papel de mediador,
proporcionar atividades que desafiem seus alunos e os desenvolvam em sua
totalidade.
O lúdico, junto com o imaginário, oferecem caminhos
amplos para o desenvolvimento das crianças tornando-as mais críticas,
autônomas, criativas, felizes e, com isso, realiza um aprendizado com
significação. Dessa forma, possibilita-se uma observação mais ampla do mundo,
promovendo o desenvolvimento em todas as dimensões humanas e levando ao sucesso
na alfabetização e o letramento. Toda educação, verdadeiramente comprometida
com o exercício da cidadania, precisa criar condições para o desenvolvimento da
capacidade de uso eficaz da linguagem que satisfaça necessidades pessoais. O
lúdico vem ligar de forma divertida a criança a aprendizagem significativa.
Bibliografia
ALMEIDA, Paulo Nunes. Dinâmica
lúdica jogos pedagógicos. São Paulo: Loyola. 1978.
_______________________-
Ana me indicou.
FARIA, Valéria. Currículo
na Educação Infantil. SP: Scipione, 2007.
HUIZINGA, Johan. Homo
Ludens. SP: Edit. Perspectiva,
1999.
KISHIMOTO, Tizuka. Jogo,
Brinquedo, Brincadeira e a Educação.
SP: Cortez, 2006.
Pró-letramento:
Programa de Formação Continuada de Professores dos anos/séries Iniciais do
Ensino Fundamental: alfabetização e linguagem. – Ed.rev. e ampl. Incluindo
SAEB/Prova Brasil matriz de referência/ Secretaria de Educação Básica –
Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008.
SOARES, Magda. Alfabetização e
letramento: caminhos e descaminhos. Pátio:
revista pedagógica, Porto Alegra: RS, n. 29, p. 18-22, fev./abr.
2004.
________________ O Brincar e suas teorias. SP, Pioneira, 2002.
VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São
Paulo: Martins Fontes, 1987.
[1]
Professora de Educação Infantil e Séries Fundamentais pela Universidade Federal
do Estado de Santa Catarina - UDESC.
Especialista em Psicopedagogia Clinica e Institucional e Gestão do
Trabalho Pedagógico: Orientação e Supervisão Escolar e Tutora da Escola
Superior de Administração Fazendária - ESAF. Coode2010@gmail.com.
O lúdico deve fazer parte do dia a dia do professor no momento do planejamento. È muito triste ver crianças desmotivadas pois o ensino proposto não o desafia, não estimula. Falar de lúdico sempre faz bem. Amei... Alilian
ResponderExcluirOlá, gostaria de parabenizar a autora, Lenice, pelo texto maravilhoso e esclarecedor. Precisamos cada vez mais de pessoas dispostas para dar o devido apoio aos professores com o único intuito de fazer grandes melhorias na educação brasileira. Parabéns!
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